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terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestação de estudantes em Salvador é além do transporte público


Oito mil pessoas pararam a capital baiana no fim da tarde desta segunda-feira (17). Em uma manifestação pacífica, estudantes baianos se uniram ao Movimento Passe Livre que ocorre em todo o País. Na Bahia, as reivindicações são muito além da gratuidade no transporte público. Melhorias na educação, saúde, saneamento básico e protestos contra os altos custos com as obras para a Copa do Mundo foram bases para o protesto.

Dentre as frentes estudantis estiveram representantes da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), além de estudantes de escolas públicas, de universidades, professores e adeptos.

Apesar do clima tenso não houve confronto com a Polícia Militar. De acordo com o comandante Nascimento, a orientação por parte da Secretaria de Segurança Pública (SSP) era a de não confrontar com os manifestantes. “Estamos aqui para dar tranquilidade aos manifestantes, para que possam se deslocar no ir e vir. Nós negociamos uma via somente, para que as pessoas não sejam importunadas”.
 
Apenas 30 policiais militares faziam a segurança na saída da manifestação, às 16h, em frente ao shopping Iguatemi. Ainda de acordo com o comandante, o efetivo não estava munido com bombas de gás de efeito moral. “Nada disso será necessário”.

No trajeto, os estudantes saíram do Iguatemi, seguiram pela Avenida Tancredo Neves e voltaram pela Estação de Transbordo. De acordo com os manifestantes, o ato de “passe livre” aconteceria ali, quando os protestantes entrariam nos ônibus e passariam sem pagar a passagem. O trajeto seguiu adiante pela Avenida ACM e terminou em frente ao shopping Iguatemi, por volta das 22h. O “passe livre” não aconteceu.

Para o diretor da União dos Estudantes da Bahia, Helder Conceição, o movimento perpassa por outras questões. “Prioritariamente o objetivo é a questão do transporte público de qualidade que já discutimos há anos, mas hoje conseguimos um bom apoio por conta do que está acontecendo em São Paulo para podermos dar início a este debate, um transporte de qualidade com um valor acessível. Nós estamos estendendo nossas veias para além do transporte, como é o caso da educação, que é uma carência muito grande, e também da saúde”.

O líder estudantil ainda lembra que essa manifestação é uma continuidade da “Revolta do Buzú”, protagonizada por também estudantes contra o aumento da tarifa de ônibus, em Salvador, em 2003.

Para a estudante de Direito, Emily Costa, as Copas não deixarão legado para a população. “Nós teremos uma Copa com investimentos absurdos do governo e não haverá investimentos em educação, saúde, em coisas básicas, como moradia. Pessoas estão morrendo soterradas e nas filas dos hospitais. A revolta é por isso. Nós queremos um estado igualitário. Essas obras não deixarão nenhum legado para a população baiana. O que a população precisa é que os governantes os tratem com dignidade”.

Professores também foram adeptos à manifestação. Mônica, professora autônoma e que não quis informar o sobrenome, apoia o movimento pacífico. “É uma manifestação pelo direito da legalidade de um transporte mais barato, pois o transporte de Salvador é um dos mais caros, e eu acho que os estudantes tem que reclamar mesmo e por isso estou aqui apoiando. Nem todos os ônibus possuem a meia passagem e isso tem que ser reivindicado também. O movimento aglutina outras questões também como a impunidade, a corrupção, o desvio de dinheiro e o superfaturamento nas obras dos estádios”.

Na passeata nenhum representante político esteve presente. De acordo com o diretor da UEB, apesar da frente do movimento ser prioritariamente partidária, nenhum debate foi feito com o Governo do Estado ou com a Prefeitura de Salvador. “As forças de luta da juventude estão participando ativamente, mas os partidos políticos não tomaram frente e se depender de nós não irão participar. Não fizemos nenhuma reunião com eles, pois o movimento é novo aqui em Salvador. Vamos ver o que vai dar depois dessa manifestação. Estamos abertos ao diálogo ”.

Um novo protesto está marcado para esta quinta-feira (20). Segundo a organização, o protesto terá inicio no Campo Grande e segue até a Arena Fonte Nova, onde acontece a partida entre Nigéria e Uruguai, no jogo de estreia do estádio pela Copa das Confederações.

Fonte: Bocão News

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